8 de dezembro de 2010

busca

Sempre vai existir essa incansável busca por alguém que escute suas histórias, seus medos, seus fracassos, seus sonhos.. que lhe escute. Não é fácil encontrar, mas não é impossível, não é rápido , mas também não é eterna a busca. Um dia você encontra uma voz doce que te acalma, alguém que sorri pra você e te abraça sem ao menos se mover, encontra um olhar terno que te faz derreter só de olhar, encontra palavras que sempre quis escutar, que sempre disse, mas não costumavam dizer pra você. Quando isso acontecer, agarre, cuide .. porque você acabou de encontrar seu mais lindo esconderijo.

fato

A gente quando se apaixona começa a dizer ”Não me imagino sem você, não vivo sem você…” eu mesma ja fiz isso várias vezes, mas tem um erro enorme nessas palavras . Eu não vivo sem Deus, meus pais, meus amigos, meus sentimentos, minha paz, meus livros, minhas músicas, minhas recordações, eu não vivo sem abraços e carinhos sinceros, eu não vivo sem o meu amor próprio. Mas daí não se saber viver sem uma pessoa que como outras MILHARES entra e sai da tua vida sem dar explicação, é contraditório. Agora eu não vou mais dizer que não sei viver sem ele, sim eu sei, posso não querer viver, mas que eu sei e consigo viver isso sim eu sei.

29 de novembro de 2010

cansei

Cansei de agradar as pessoas, cansei de ser 'boazinha' ,cansei daquele amor clichê,cansei de esperar o menino perfeito, porra,isso não existe.Cansei de acreditar em finais felizes,cansei de tentar ser mais legal com quem nao mereçe, cansei de dar tempo as coisas ,cansei de viver perdoando quem nao merçe perdão,cansei de tentar e nunca conseguir,cansei das coisas sempre dando errado,cansei das pessoas mentindo para mim,cansei do passado, cansei de falsidade,cansei dessa sensação de ninguém me entender,cansei de ser julgada,cansei do tédio,cansei de gostar de quem nao gosta de mim, cansei de sofrer, cansei de esconder as coisas,cansei de me arrepender,cansei de me prometer que eu iria mudar e nunca conseguir sair do ponto de partida, eu cansei e foi de tudo.

23 de novembro de 2010

Aprendi…

que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem, Que amigos a gente conquista mostrando o que somos, os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim, a maldade se esconde atrás de uma bela face, quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada, a natureza é a coisa mais bela na vida, amar significa se dar por inteiro, ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde, dar um carinho também faz… que sonhar é preciso, se deve ser criança a vida toda, nosso ser é livre, Deus não proíbe nada em nome do amor, o julgamento alheio não é importante, o que realmente importa é a Paz interior, e finalmente, aprendi que não se pode morrer pra se aprender a viver!

Deus tem uma resposta

Ele Sempre Tem Uma Resposta! Deus sempre tem uma resposta certa para todas as coisas negativas que dizemos a nós mesmos…
Você diz: Isso é impossível.
Deus diz: TODAS AS COISAS SÃO POSSÍVEIS. – Lc 18:27
Você diz: Estou muito cansado.
Deus diz: EU TE DAREI DESCANSO. – Mt 11:28
Você diz: Ninguém me ama de verdade.
Deus diz: EU TE AMO. – Jo 3:16 e 13:34
Você diz: Não consigo ir em frente.
Deus diz: MINHA GRAÇA TE BASTA. – 2 Co 12:9; Sl 91:15
Você diz: Eu não consigo perceber as coisas.
Deus diz: EU DIRIGIREI SEUS PASSOS. Jr 3:5,6
Você diz: Eu não consigo fazer isso.
Deus diz: VOCÊ PODE TODAS AS COISAS. – Fp 4:13
Você diz: Eu não sou capaz.
Deus diz: EU SOU CAPAZ. – 2 Co 9:8
Você diz: Isso não vai valer a pena.
Deus diz: ISSO VALERÁ A PENA. – Rm 8:28
Você diz: Não consigo me perdoar.
Deus diz: EU PERDÔO VOCÊ. – 1 Jo 1:9 e Rm 8:1
Você diz: Não consigo o que quero.
Deus diz: EU SUPRIREI TODAS AS SUAS NECESSIDADES. – Fp 4:19
Você diz: Estou com medo.
Deus diz: EU NÃO TENHO TE DADO UM ESPÍRITO DE COVARDIA. – 2 Tm 1:7
Você diz: Estou sempre preocupado e frustrado.
Deus diz: LANÇA TODA SUA ANSIEDADE EM MIM. – 1 Pe 5:7
Você diz: Eu não tenho fé suficiente.
Deus diz: EU TENHO DADO A CADA UM UMA MEDIDA DE FÉ. – Rm 12:3
Você diz: Eu não sou inteligente suficiente
Deus diz: EU TE DOU SABEDORIA – 1 Co 1:30
Você diz: Eu me sinto sozinho.
Deus diz: EU NUNCA TE DEIXAREI, NEM TE DESAMPARAREI. – Hb 13:5

sweet cowardice

Quando renunciamos aos nossos sonhos e encontramos a paz, temos um pequeno período de tranquilidade. Mas os sonhos mortos começam a apodrecer dentro de nós, e infestar todo o ambiente em que vivemos. Começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam, e finalmente passamos a dirigir esta crueldade contra nós mesmos. Surgem as doenças e psicoses. O que queríamos evitar no combate – a decepçao e a derrota – passa a ser o único legado de nossa covardia. E, um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar difícil de respirar e passamos a desejar a morte, a morte que nos livrasse de nossas certezas, de nossas ocupações, e daquela terrível paz das tardes de domingo.

5 de novembro de 2010

Remar, re-amar, amar

Já não sei dizer se ainda sei sentir. O meu coração já não me pertence, já não quer mais me obedecer! Parece agora estar tão cansado quanto eu. Até pensei que era mais por não saber que ainda sou capaz de acreditar. Me sinto tão só e dizem que a solidão até que me cai bem. Às vezes faço planos, às vezes quero ir para algum país distante e voltar a ser feliz! Já não sei dizer o que aconteceu se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu. Se meu desejo então já se realizou o que fazer depois, pra onde é que eu vou?
Eu vi você voltar pra mim; Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica, o que for. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças!Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.
(Caio Fernando Loureiro de Abreu) - (Santiago, 12 de setembro de 1948 — Porto Alegre, 25 de fevereiro de 1996)

Já pensou o que seria da sua vida se não houvesse um ser superior?

Seria como se você não existisse *haha*. É tão legal saber que tem algo te controlando, algo que você não sabe de onde vem, que você não tem a menor idéia do que possa ser. Algo que gosta muito de você, que faz seus dias serem dias e suas noites, noites. Eu me sinto bem, me sinto feliz, sinto uma paz no meu interior, uma paz grandiosa, algo inacabável, inabalável, porém compartilhada!
Eu não consigo fingir sempre. Às vezes me escapa um pouco de infelicidade, de impaciência e solidão. Mesmo perto. Não se sinta mal, a culpa não é sua. É algo que acontece por dentro, como se meu coração não pertencesse a mim, e o resto do meu corpo o rejeitasse lentamente. Tudo bem, talvez você acelere isso. Mas, ainda não descobri se isso é de fato ruim. Pode ser divertido sentir com o pulmão, não me faltaria ar no começo, e nem no fim. Pode ser divertido sentir com o estomago, e querer sempre mais. Por gula. Sempre me acostumei com o ritmo inconstante da minha vida, então, isso não seria nada. Talvez eu seja apenas mais um talvez, tentando ser certeza. Tentando ser para sempre, e parando sempre pela metade. Talvez eu seja a descoberta do século, e consiga viver sem coração. Para sempre.

Nosso maior inimigo é a falta de humor !

Eu sempre estive entre aspas, ficar triste é um sentimento tão legitimo quanto a alegria. Reclamar do tédio é fácil, difícil é levantar da cadeira pra fazer alguma coisa que nunca foi feita. Queria não me sentir tão responsável pelo que acontece em meu redor. Felicidade é a combinação de sorte com escolhas bem feitas. Pessoas com vidas interessantes, interessam-se por gente que é o oposto delas. Emoção nenhuma é banal se for autêntica. Dar certo não está relacionado ao ponto de chegada, mas ao durante. O prazer está na invenção da própria alegria, porque é do erro que surgem novas soluções, os desacertos nos movimentam, nos humanizam, nos aproximam dos outros. Enquanto o sujeito nota 10, nem consegue olhar pro lado, sobe pena de ver seu mundo cair. O mundo já caiu, só nos resta dançar sobre os destroços.

3 de novembro de 2010

Depois de mais de seis meses postando aqui, resolvi falar um pouco sobre mim.
.-. meu nome é Jéssica Soares Negreiros, tenho 15 anos t.t, eu não sei muito bem o que sou '-' yeah, mas eu sei que eu so muito infeliz, hehe, não sempre, mais quase sempre. Eu curto afu qualquer tipo de rock (menos coloridos ¬¬). Odeio coloridos! Odeio Justin Bieber. Odeio skate, mais não nego que já gostei. Odeio forró e cenouras também. Odeio quando tenho que sai do meu quarto, odeio caminhar, efim, odeio quase tudo ! Eu sou uma pessoa que muda de humor muito rápido, muito rápido mesmo. Não tenho medo de certas coisas que devia ter. As vezes eu me estresso afu, eu já briguei com uma privada ._. mais isso não importa. Eu sou assim. Mas eu também tenho sentimentos, também amo e blá blá blá. Eu era uma pessoa legal, mas agora virei isso ae, vai ver eu mudei porque me decepcionei com amigos e amores. Eu odeio mais uma coisa D: pra fala a verdade eu odeio mais vaarias coisas, mais eu odeio muuuuuuito mesmo azeitonas, elas são escrotas fedorentas '-' odeio elas. Odeio também brincar de pega-pega com meu primo, seilá véi ele deve te uns 2 anos. Eu não ligo pras roupas que as pessoas usam, se é de marca ou não, eu não ligo TANTO pra beleza, seilá, que morram as marcas e as belezas. Eu amo muito pão de queijo '-'. Bom eu tenho muitos costumes um deles é não gostar de estudar IUOSAD ' que merda '-' . mais é preciso estudar e blábláblá todas as quelas baboseiras que os pais falam *-* . Eu odeio meu Orkut,  tenho vontade de exclui denovo, mas não vo excluir porque eu tenho preguiça '-' eu odeio meu twitter só mexo porque não tenho nada pra fazer. Eu passo a semana toda, quase em casa, porque? tenho preguiça de sai D:, eu odeio ficar na minha casa, odeio ganhar visita que não seja meus convidados. Não gosto do meu bairro, porque? porque eles são invejosos e só sabem cuidar da minha vida, mas que se ferre o que os outros pensam é problemas deles. Eu amo coisas velhas, não sei porque mais amo ._. . Eu odeio meu cabelo e odeio tudo que eu faço. As vezes seilá como, eu pareço uma pessoa feliz, mais bem no fundo eu não sou uma pessoa feliz SADUIO' , tem gente que me chama de emo , emo é tua mãe @: . Ah, cansei de falar da minha vida D: ! Não sei se alguém vai ler toda essa merda. mais se leu muito obrigada pela sua atenção . *-* , E se tiver alguma coisa de errado, não vou ler tudo isso e arrumar #fikdik :D

1 de novembro de 2010

You are all I need, in this world!

 
I live by Your commands you change me from the inside and turned the bad to good you loved from my very first day when I didn't know you could I feel you in my heart, Oh God

28 de junho de 2010

verdades

Pouco sei sobre a vida, mais o pouco que já sei me ensinou muitas coisas: hoje sei que era mais feliz quanto tinha você para me abraçar. Sei que você fazia os meus dias ficarem melhores. Sei que com você, tive as melhores risadas. Sei que quero que a gente volte no tempo. Sei que preciso do seu sorriso, e ouvir a sua voz. Mas a coisa que eu mais sei, é que hoje sinto a sua falta como nunca pensei que sentiria antes. Você se lembra? Nós prometemos pra sempre, onde isso esta agora? Só sei que pra sempre, eu vou guardar o seu sorriso, e o seu abraço forte, dentro do meu coração.

23 de junho de 2010

hope

Sinceramente,eu sou feita de carne,osso,coração e não de ferro como muitos acham.O mundo,as pessoas o dia-a-dia anda exigindo coisas quase impossíveis de aguentar;as situações,as palavras,as ações,a convivência que vai desgastando com o passar do tempo,o que era pra ser algo agradável acaba se tornando insuportável. A ángustia e a impaciência parecem bater todos os dias na minha porta pedindo pra deixar entrar,muitas vezes tenho vontade de ceder,já que não tenho mais forças pra manter a porta fechada. Tudo isso mais cedo ou mais tarde vai se resolver,ciclos vão se encerrar,e muita coisa irá se renovar,sim ainda me resta a fé que faz acreditar que depois da chuva,vem o sol.

22 de junho de 2010

Felizes de novo

Comecei a perceber que nesses últimos dias tenho passado por provações um pouco cruéis. Não sei ao certo se estou conseguindo sobreviver à todas, mas estou tentando, já fazia muito tempo que não me sentia tão fraca e incapaz de dar a volta por cima e não me abalar com situações tão bestas, inúteis, desnecessárias.  Por mais que eu procurasse me manter de peito erguido, com o orgulho estampado no rosto aquilo foi se tornando tão cômico e ao mesmo tempo mais forte do que as forças que eu carregava e não tive escolha. Muitas vezes digo que merecemos passar por tudo isso, são escolhas que fizemos, sempre haverá vários caminhos e você é quem decide qual quer seguir, é um livre arbítrio basta você olhar, pensar em todas as causas e consequências que cada um oferece e colocar o pé na estrada. As provações? Elas estarão por todo o percurso, independente do caminho escolhido muitas delas serão tão intensas, que a vontade de mudar o rumo será muito maior que a vontade de vencê-las. Caberá a cada um saber sobreviver, isso só vai nos tornar cada dia mais fortes e confiantes para podermos cumprir a nossa missão. Em partes, e aos poucos estou conseguindo perdoar aqueles erros quase imperdoáveis, aquelas pessoas que coloquei a minha mão no fogo, e por isso hoje tenho tantas cicatrizes nela. Em partes e aos poucos, vou tentando me adaptar e aceitar da melhor maneira possível as surpresas que a vida insiste em me fazer, tranformando decepções em lições, choros em sorrisos, inimigos em amigos, ódio em amor, chuva em sol. Tudo isso leva certo tempo, é um processo complicado e demorado, mas nunca impossível. Então nunca ache que é tarde demais, sempre há tempo quando se deseja e quer! Em partes, e aos poucos perdoe, sorria, abrace, beije, grite, cante, dance, beba, escreva, corra, brinque, deseje e ame.
Em partes e aos poucos,seremos felizes de novo.

sim

Ontem senti-me corajosa e olhei para ti. Com a coragem veio o atrevimento, o que me levou a querer fazer o caminho de volta pois só assim se podem encerrar quaisquer ciclos.
Paguei caro esse atrevimento porque rapidamente tropecei em todas em todas as dúvidas, em todas as meias-verdade, em todas as conversas adiadas, em todas as perguntas sem resposta, em todos os falamos depois...
A tristeza solitária  de ontem deu de novo lugar à revolta e  à incompreensão, e o sentimento de paz foi substituído por outros "velhos conhecidos", como a vulgaridade e a dispensabilidade apenas porque sim...
Mas hoje sei mais qualquer coisa... sei que foste talvez o erro mais estúpido que cometi, e olha que já foram muitos, porque ao ver que iria cometer um erro, cometi-o mesmo assim...mas hoje também sei que voltarias a acontecer porque na verdade foste tudo menos um erro...
Por isso, hoje voltei a fechar-te no mesmo lugar que te destinaste mas, desta vez, deitei fora a chave principal e a suplente mas não te esquecerei...não porque não o possa fazer mas porque me quero lembrar...

dia

Se existem dias em que um pequeno gesto ou palavra de alguém nos dão alento e nos fazem a alma sorrir outros há que um outro gesto ou palavra de outro alguém nos fazem cerrar os dentes, crispar os dedos e chorar lágrimas de sangue. Há dias que parecem acontecer apenas para nos lembrar que somos nada. O dia ainda mal começou mas tudo o que havia para correr mal já aconteceu.

Dear Sam - web

Gente, to meia sem tempo de postar aqui. Meio do ano, escola, provas, recuperação... kkk ;x

o link pra quem quizer continuar lendo: Dear Sam

é so olhar os tpcs e clicar em Dear Sam - web

 

bjs ;**

30 de maio de 2010

   02 - O estranho maravilhoso

    — Você está bem? — perguntou a minha irmã se aproximando.
Todos olhavam para mim, como se a música tivesse parado de tocar. O garoto que eu havia derrubado me xingava de todos os nomes possíveis.
— Sim — disse eu, um pouco zonza.
Elle me ajudou a levantar.
O estranho maravilhoso se aproximava com um olhar curioso.
Senti as minhas pernas bambearem, sinal de que eu iria cair novamente. Então me segurei em Nalin.
— Hum. Eu... eu vou tomar um banheiro! Quero dizer, vou ao banheiro tomar água. É... vou ao banheiro. Adeus.
Saí praticamente correndo dali, crente que todos estavam gargalhando do meu King Kong.    
— O que foi aquilo? — perguntou Nalin quando chegamos ao banheiro.
Eu ajeitei meu cabelo, que estava todo bagunçado por conta do tombo que eu havia levado.
— O que deu em você? — insistiu ela, quando eu não respondi.
— Nada. Eu só vi a minha irmã agarrando um cara lindo de morrer e caí. O que ela tem que eu não tenho? — perguntei emburrada.
— Cabelos louros, olhos verdes...? — sugeriu Nalin em tom de brincadeira. — Estou brincando — disse ela, ao ver o meu olhar matador. — Aquele é o Ben, namorado dela e amigo de Kellan.
— Para tudo! Ela está namorando e eu não sabia? — indaguei quase perplexa.
— Ué, pensei que soubesse. Acho que o relacionamento dos dois é bastante sério, penso que logo ela vai apresentá-lo aos seus pais.
— Puxa vida! A minha irmã é uma traidora. Por que ela não me contou? — reclamei.
— Bom, nós duas sabemos que ela não é nenhuma santa — comentou a minha amiga. — Sem ofensas, claro. E tem pessoas que acham que tudo que escondido é mais gostoso.
Olhei para o espelho. Ali estava a minha imagem, então me comparei com a minha irmã.
Repentinamente toda a cena de ela beijando o Ben começou a passar em minha mente como se eu estivesse vendo um filme.
Fiz cara de choro.
Ele era lindo demais para ela.
— Acalme-se, você nem o conhece — Nalin-quase-salvadora-da-pátria me lembrou. — Não que eu esteja dizendo para você roubá-lo de sua irmã, mas...
— Está bem, eu entendi. Embora não ache possível, já que eu pareço uma anta que só faz coisas erradas — reclamei. — Está vendo? “Samantha, a anta”, acho que a minha mãe estava prevendo o meu futuro quando me deu esse nome.
A minha amiga gargalhou.
— Não diga bobagens.
— Talvez se eu fizesse uma lipoaspiração — sugeri, apertando a minha barriga. — Puxasse aqui e aqui...
Puxei os meus olhos, ficando parecida com uma oriental.
— Pode ir parando! Você está parecendo a minha mãe! — interrompeu Nalin.
— Oh Nalin, eu sou uma aberração da natureza! Uma vergonha estúpida! Um rascunho de beleza mal-feito! 
Elle entrou naquele momento dizendo:
— Aquele garoto que você derrubou estava com um refrigerante na mão. Ah coitado! Agora está ensopado e melecado. Está vendo Sam? Hoje não é só seu dia de azar — comentou ela, gargalhando. — Mas em todo caso, se eu fosse você não apareceria por lá tão cedo, ele é capaz de estrangulá-la.
As minhas duas amigas começaram a rir e conversar alto, ignorando completamente a minha situação.


Levei quase dois anos para sair de lá. Tudo bem, não foram exatamente dois anos, mas eu demorei, pois, dessa forma quem sabe as pessoas não se esqueciam quem eu era e o que eu havia feito.
Mas infelizmente não esqueceram!
Quando eu pus o pé para fora do banheiro, as pessoas me olhavam, cochichavam e às vezes riam, como se eu fosse uma criminosa. Logo eu que morro de medo de barata e de formiga cabeçuda.
Bem, pelo menos não foi totalmente péssimo ver aquelas pessoas novamente, pelo menos Marina não estava agarrando o Ben bonitão.
Não tenho nada mais a dizer sobre a minha terrível noite. Talvez eu deva apenas comentar por alto que Nalin e Elle tentaram de tudo para me animar, até me obrigaram a dançar, mas fora em vão, eu estava totalmente travada de vergonha. Oh céus, que culpa eu tenho de ser tímida?
Eu estava com medo de “soltar a franga” novamente e levar outro — se não o mesmo — garoto junto. Por isso, fiquei na maior parte com cara de tonta e sentada.
A minha segunda melhor amiga ficou quase o tempo todo ao meu lado, porque Nalin é alegre demais para ficar sentada de braços cruzados. Em outras palavras, ela se jogou quase literalmente na pista de dança improvisada na casa de Daniel Hoffman.
Felizmente a noite pareceu passar rápido, apesar de eu estar completamente entediada.
Logo estávamos em frente à casa de meu pai, que teve que carregar Marina no colo até seu quarto, porque ela estava no sétimo sono. É... Agarrar demais o Ben deve cansar.
Depois, meu pai me desejou bons sonhos, mesmo estando careca de saber que eu não tenho costume de sonhar a noite.
Custei a dormir, porque, sinceramente, estava mais acordada do que nunca. Pensava em Ben, no meu King Kong, na música “Set me free”, entre outras coisas que é impossível descrever em poucas palavras.
Enfim, adormeci quando eram três horas da manhã... 

— Bom dia flor do dia — disse meu pai, quando eu apareci de manhã na cozinha, coçando os olhos como uma criança. — Ah, bom dia luz do dia.
Marina apareceu sorridente atrás de mim, enchendo meu pai de beijos.
— Acabei de fazer panquecas de banana.
Disse Hector sorrindo e nos servindo as tais panquecas.
Repentinamente começou a cantar a tão conhecida canção de Jack Johnson:
Talvez a gente pudesse dormir mais, fazer panquecas de banana, fazer de conta que é fim de semana. Nós podíamos fingir isso o tempo todo.*
Lembro-me bem de quando eu era criança, desde aquela época meu pai escutava essa música. E pior: ele a escutava enquanto cozinhava. Com isso, eu fui gostando dela cada vez mais.
— O aniversário de alguém está chegando — disse ele, olhando no calendário da cozinha.
Eu sabia que ele estava se referindo ao meu aniversário de dezessete anos que se aproximava.
Marina soltou um grito me assustando:
— Vai ficar mais velha!
— Menos Marina! Não precisa me lembrar desse detalhe...
— Eu não entendo por que as pessoas não gostam de fazer aniversário. Qual é o problema? Ficar mais velha é sinônimo de adquirir mais experiências.
— Eu concordo com você — avisei. — Fazer aniversário é uma delícia, mas não quero completar dezoito anos. Não sou fã dessa idade.
Não sei por que não consigo gostar da ideia de fazer dezoito anos no ano seguinte. Sei que nessa idade a responsabilidade é bem maior, porque tudo o que você faz, você realmente paga. Mas talvez eu apenas não queira desgrudar da barra da saia de minha mãe.
__________________
* música "Banana Pancakes" de Jack Johnson.
Meu pai e minha irmã continuaram tagarelando, enquanto eu viajava em meu mundo encantado. Isso sempre foi uma qualidade minha e ao mesmo tempo, um defeito. Porque se você sonha demais, você se decepciona demais. Bom, isso é apenas a minha opinião.
Imaginei príncipes e caras perfeitos, porque eu amava Contos de Fada. Imaginei cavalos brancos e castelos. Reis e rainhas se amavam e eram felizes. Crianças não eram esfaqueadas como se fossem um pedaço de carne. A minha alegre fantasia era, às vezes, melhor do que a minha triste realidade.
Mas voltando ao que realmente interessa, comi silenciosamente até acabar.
— Já terminou? — perguntou meu pai, quando viu que o meu prato estava vazio.
— Sim — respondi-lhe, levantando logo em seguida.
Coloquei o prato e os talheres na pia, e lavei-os, já que a empregada doméstica estava de folga.
— Pai, a internet está funcionando? — perguntei, enquanto enxaguava.
— Sim — respondeu ele.
— Então, eu posso usar o computador? — pedi.
A Internet era a minha terceira casa, porque a primeira era a de minha mãe e a segunda era a de meu pai.
— Claro. Só não fique usando por muito tempo.
Ele sorriu.
Enxuguei os talheres e o prato, guardando-os em seus devidos lugares, então caminhei em direção ao escritório.
O lugar onde se encontrava o computador era bem moderninho. Mesa de vidro, estantes chiques, poltrona confortável, ar condicionado, e vários diplomas na parede. Bem, meu pai era um homem que algumas pessoas costumam chamar de “estudado”.
Liguei-o. E logo após o MSN fez login automaticamente no e-mail de Marina.
— Não — disse eu, tentando cancelar.
Mas nada adiantou e os programas começaram a travar, deixando a tela branca por alguns segundos.
— Droga.
Passaram se poucos segundos, mas para mim fora uma eternidade.
— Pronto, destravou!
Fui clicar em “sair”, para sair do MSN de Marina, mas alguém a chamou, obviamente pensando que era a minha irmã que estava por trás da tela do computador:
Ben: Marina!
Espere, o que meus olhos estão vendo? É o namorado maravilhoso de minha irmã. Ai meu Deus!
O que fazer naquela hora? Ignorar? Fingir ser a minha irmã? Ou falar a verdade?
“Marina”: Não é a Marina. É a Sam.
Ben: Sam? Quem é Sam?
É tão chato quando uma pessoa não sabe quem é você. Você fica se sentindo um lixo completo. Ainda mais quando essa pessoa que não te conhece é aquele cara lindo de morrer que namora a sua irmã.
“Marina”: Irmã de Marina.
Ben: Ah, desculpe-me.
“Marina”: Não tem problema, o MSN fez login automaticamente, eu já estou saindo...
Afinal, por que eu estava dando satisfação para alguém que nem sabia quem eu era?
Ben: Então eu nem vou poder conversar com a minha cunhada?
Cunhada? Não suporto que me chamem de "cunhada" ou de "tia" porque eu me sinto como uma velha de noventa anos.
“Marina”: Ah, a Marina não iria gostar de me ver usando o e-mail dela.
Ben: Então me passe o seu e-mail, por favor?
“Marina”: sam-jonest@hotmail.co.uk
Ele agradeceu.
Logo em seguida sai do MSN de minha irmã e entrei no meu.
E assim que fiz login apareceu que “benowen@hotmail.co.uk” havia me adicionado, então eu aceitei, é claro.
Ben: Pronto?
Sam: Sim.
Ben: Então você é irmã da minha namorada?
Sam: Pois é.
Ben: Ela vive falando de você, mas nem sempre diz o seu nome, por isso que eu não sabia.
Sam: Bem ou mal?
Soltei o velho e não muito bom clichê, que para mim significa que você não tem nada a dizer sobre aquele assunto. Mas, por que todas as pessoas têm que perguntar isso? Será que elas são tão desinteressadas a ponto de não ter outra coisa melhor para falar?
Ben: Bem, um pouco de cada.
Arregalei os olhos quando li o que ele havia escrito, e imediatamente já comecei a pensar em como mataria a minha irmã.
Ben: Haha, eu estou brincando. Ela fala muito bem de você.
Sam: Ah, você não está dizendo isso apenas para salvar a pele de Marina, está?
Ben: Você é tão violenta assim?
Sam: Que nada, sou covarde.
Ben: Eu nunca te vi.
Sam: Eu também nunca te vi.
Menti. E provavelmente iria me sentir culpada por isso.
Ben: Eu estou tentando imaginar como você é, mas não estou tendo sucesso.
Sam: Fácil. Eu sou o oposto de Marina.
Ben: Ah, não acho que você seja feia.
Pronto, meu dia havia se tornado horrível. Eu sabia que não podia esperar nada de uma pessoa. Porém, fui burra demais, e achei Benjamin um cara fantástico sem ao menos conhecê-lo.
Qual era o problema do mundo? Marina era uma espécie de colírio para todos os homens da Terra?
Sam: Bem, eu não me lembro de ter dito que era feia.
Ben: Ah, eu sei que não disse. Desculpe-me se eu lhe ofendi, é porque a sua irmã é linda.
Sam: Sei bem o quanto ela é bonita.
Ben: Desculpe-me, por favor. Eu realmente não queria magoá-la.
Sam: Tudo bem.
Tradução de “tudo bem”: Claro que não seu idiota! 

18 de maio de 2010

01 - A irmã

    Um clarão. O que era aquilo? Será que eu estava morrendo? Tipo, sendo atropelada por um caminhão? Não, confesso que só disse isso para dar um ar de mistério. Era apenas a minha mãe, abrindo a janela do meu quarto num dia insuportavelmente ensolarado.
— Droga — resmunguei. — Mais cinco minutos mãe.
Minha mãe me ignorou, recolhendo os meus calçados e minhas roupas. Odeio quando ela se faz de surda.
— Mãe! — insisti, mas foi em vão. — Droga! Droga de vida.
Reclamei. Aquele era o meu forte.
— Bom dia Samantha — disse minha mãe depois de me ignorar e me obrigar a levantar, às vezes acho que ela é irônica sem perceber. — Marina já está tomando café.
Marina! Grande porcaria, o que eu quero com Marina? Ela já é perfeita sem a minha ajuda. Ah, antes que eu me esqueça, Marina é a minha irmã caçula — e única —, e posso dizer que ela é uma peste, mas não posso falar isso para a minha mãe, porque Dona Anna acha que a minha irmãzinha querida, é um "anjo"!
— Mãe? Não posso dormir mais? Hoje é sábado... — perguntei bêbada de sono.
— Não senhora — respondeu ela, aquilo não era novidade. — Seu pai vem daqui a pouco buscá-las.
Tradução de "Daqui a pouco": Daqui a três horas. Minha mãe sempre exagera, se meu pai vem me buscar às 12 horas, ela me acorda às nove.
Fui ao banheiro, fazer a minha higiene. Assustei-me com o meu reflexo, pois o meu cabelo parecia mais uma juba de leão. E lá estava eu: cabelos longos, escuros e lisos emaranhados, e minha franja totalmente bagunçada. Minhas olheiras profundas que indicavam uma noite mal dormida.
Escovei os dentes com a minha pequena escova rosa choque, ajeitei o meu cabelo, e desci de pijama mesmo.
Encontrei Marina tomando um copo de leite com pão. Ela estava pensativa.
— Oi — disse ela de boca cheia. — Não vai comer?
— Vou — respondi, sentando ao lado dela, e começando a passar manteiga em um pedaço de pão.
— Papai vem nos buscar — disse ela, parecendo empolgada. — Estou ansiosa, ele disse que tem um presente para mim.
Ah, agora entendi a sua empolgação. Por que a minha irmã era tão interesseira?
— É. Você me disse isso ontem — falei, tentando ficar em paz.
— Espero que ele me dê uma maquiagem. Estou precisando — comentou.
— Você usa a minha maquiagem, como está precisando? — perguntei atônita, parando de passar manteiga no pão para olhá-la.
— Ah, já está acabando não é? E está na hora de mudar.
Folgada! Eu estou a deixando usar as minhas coisas e ela vem com esse papo de que "está na hora de mudar".
Respirei fundo, eu não queria brigar com ela, não a essa hora da manhã, quando eu estava morrendo de sono. 
Marina terminou de comer rapidamente — porque come pouco demais para levar vinte minutos, como eu —, e foi se arrumar. Em menos de dez minutos voltou.
— Onde está a minha lente de contato? — ela me perguntou, provavelmente me acusando de ter sumido a lente dela.
Mastiguei calmamente e então lhe respondi:
— Não sei. Se você que usa não sabe, como eu vou saber?
Marina usa lente de contato da mesma cor de seus olhos: verdes. A sortuda além de ter cabelos loiros — mesmo que ondulados — tem olhos verdes. Parece mais uma modelo, alta, magra, e linda... muito linda, admito! Portanto, não é a toa que os rapazes se ajoelham aos seus pés.
— Grossa! — disse ela, ríspida. — Eu só perguntei...
— Eu já disse que não sei Marina — tentei, mais uma vez, comer em paz.
Marina ficou falando, reclamando, me culpando. Mas quem disse que me importei? Simplesmente a ignorei, o que fez com que ela reclamasse ainda mais e a minha mãe brigasse comigo.
Enfim, depois disso tudo, eu fui me arrumar, já que não havia conseguido comer tranquilamente como pretendia. Pouco tempo depois, meu pai, Hector, chegou e nós fomos para a casa dele. Ele me surpreendeu, afinal, desta vez não atrasou.
Marina adorou seu presente, não era uma maquiagem — foi praga minha! — mas ela ainda assim gostou muito. Era um celular — já que ela havia estragado o dela —, a garota ficou toda saltitante, parecendo uma criança quando ganha uma bala.
Meu pai é diferente de minha mãe. Se a minha mãe é apressada — porque nos faz levantar três horas antes — meu pai é atrasado — chega três horas depois —, se a minha mãe vive brigando comigo, ele vive me defendendo. A única coisa que eles não são diferentes é: para eles, Marina é um anjinho. Mas, meu pai e a minha mãe não se relacionam bem, são pessoas muito diferentes. São como água e azeite: não se misturam.
Minha mãe, Anna, parece ser insensível... só parece. Ela acha que eu não sei que ela chora todas as noites por causa do meu pai. Mesmo que eles tenham se divorciado há quatro anos e que eles sejam muito diferentes, minha mãe o ama com tudo que pode. É doloroso para ela ver que ele não sente o mesmo — pelo menos, é o que parece — e acho que é isso que faz com que dê mais atenção à Marina, porque, ela tenta esquecer meu pai e eu sou praticamente o lado feminino dele.
Eu e a minha irmã, evitamos comentar qualquer assunto que envolva o papai para Dona Anna, principalmente aqueles que incluam mulheres, já que elas parecem loucas por ele.
Devo admitir que o meu pai é muito charmoso, e não digo isso apenas por ser sua filha, estou falando a verdade! O "senhor" Hector é alto, um pouco musculoso, branco e de olhos negros. Tem alguns fios brancos, mas isso não importa, pois existem mulheres que amam isso. 
— Pai preciso ligar para Marie e contar a novidade! Finalmente tenho um celular! — comemorou Marina subindo a escada.
A casa do meu pai era grande, e embora ele morasse sozinho ali, sendo a única mulher a empregada doméstica, Georgia, era bastante organizada. Além disso, havia várias coisas modernas, o que parecia ser algo do estilo de meu pai.
Mesas de vidro, móveis brancos, tapetes bonitos, espelhos... Aquilo me lembrava um pouco Marina, que era fascinada por tecnologia e tudo que era novo, mesmo que aquilo também me agradasse.
— Tudo bem meu anjo. Só tome cuidado para não estragar, isso custou caro — disse ele deixando as chaves do carro em cima da mesa de vidro. — Então, Sam? Como foi a sua semana?
— Foi normal — respondi olhando para a vista da janela da sala, tinha várias árvores e parecia muito agradável.
— E o colégio? — perguntou ele, meu pai sempre quer saber como vai as minhas notas.
— Continua na mesma — falei, bocejando logo em seguida.
— Está com sono? Ficou acordada até tarde ontem? — perguntou ele, desconfiando.
— Não — menti, mas ele pareceu não acreditar. — Tudo bem, dormi cinco horas da manhã, fiquei vendo filme.
— Não sei como consegue — comentou ele, rindo logo em seguida. — Descanse um pouco, mas daqui a pouco eu quero que você e sua irmã façam uma caminhada comigo.
— Pode deixar — subi a escada de madeira indo para o meu quarto.
Meu quarto era também bastante organizado. Nele havia tudo o que uma garota da minha idade precisava: escrivaninha, guarda-roupa, cama de casal, janela, ar-condicionado, criado mudo e poltrona. Só faltava o banheiro para ser uma suíte. Quase tudo ali era branco — o guarda-roupa, a cama, o ar-condicionado e as paredes.
Tirei o meu all star e me atirei naquela cama fofa, adormecendo como uma pedra.
"Como você dorme enquanto o resto de nós chora? Como você sonha quando uma mãe não tem a chance de dizer adeus? Como você anda com a sua cabeça erguida? Você pode pelo menos me olhar nos olhos... e me dizer como?..."
Acordei com o som de minha música preferida: Dear Mr. President, da cantora Pink. E aquilo me deu vontade de cantar, mas não arrisquei, por medo de que os vidros quebrassem. Contentei-me em apenas balançar o pé e fazer "barulho" com a boca.
Música... o ser humano ainda não encontrou as palavras certas para descrever essa magia. Os livros e as músicas são, de fato, verdadeiras poções mágicas, pois te apresentam um mundo novo, te fazem viajar sem sair do lugar, te afasta de qualquer coisa, até mesmo de sua vidinha medíocre e monótona. 
Lembrei-me de que tinha que caminhar com o meu pai. Então levantei da cama em um pulo, pegando a toalha e indo para o banheiro.
Logo após um delicioso e relaxante banho, vesti uma calça adequada para fazer caminhada, uma regata branca e calcei o tênis.
Lá embaixo meu pai e Marina me esperavam, impacientemente, como se já soubessem que eu havia acordado. E mesmo em trajes de academia, a minha irmã continuava linda. Existem pessoas que embora você tente a todo custo ofuscar o seu brilho, elas conseguem se sobressair — não que eu faça isso, é apenas uma frase bonita que eu escutei por aí.
Não poderia ter sido pior. Marina corria e meu pai a acompanhava, enquanto eu, a preguiçosa e molenga, ficava para trás. Que culpa eu tenho se sou sedentária? Odeio exercícios físicos, eles são chatos e tediosos. Mas apesar disso, eu estava em meu peso ideal.
Os homens que estavam por ali, assobiavam para a minha irmã, que esbanjava sensualidade enquanto corria. E ela, fingindo-se de tímida e moça recatada, esboçava um acanhado sorriso.
Meu celular tocou enquanto caminhávamos, o que fez com que meu pai me olhasse com reprovação, mas eu sabia que ele não estava nervoso.
Encostei-me a uma árvore para atender enquanto ele e a minha irmã corriam. Era Nalin.
— Diga — eu disse um pouco ofegante.
— Tenho um mega convite, e não aceitarei "não" como resposta — avisou, parecendo eufórica. — Separe seu melhor vestido, porque você irá a uma festa.
— Outra? — perguntei sem acreditar.
— Claro... Nalin Wonks não para nunca! Te pego às nove em ponto. Você está na casa do seu pai?
— Sim, mas...
Ela me interrompeu.
— Está bem, até mais Sam! Vou desligar antes que você argumente contra.
Dito e feito, ela desligou.
Bufei. Então o celular começou a novamente a tocar. Pela segunda vez era Nalin.
— Ah, esqueci de dizer, é para a Marina vir também! Tchauzinho — disse ela, esbaforida, desligando outra vez. 
Desliguei o telefone, e corri até o meu pai e a minha irmã, fazendo esforço para acompanhá-los.
— Sam! Gostei de ver... — disse meu pai sorrindo, provavelmente estava surpreso por me ver correndo. — É isso mesmo, tem que fazer exercícios.
Sorri amarelo. Na verdade, eu só estava ali ao lado deles, naquela velocidade, porque queria convencer o meu pai a nos deixar ir à festa.
— Hum... o que aconteceu? — É estranho como meu pai me conhece tão bem, que até sabe que tem algo acontecendo.
— Era Nalin — contei-lhe, ofegante.
— Ah, é claro. Você e ela não se desgrudam. — Ele sorriu. — Então...?
— Ela me chamou para uma festa — revelei receosa.
— Eu devia ter adivinhado. — Meu pai riu, balançando a cabeça.
— Uma festa? Ah que legal! — Marina se intrometeu. — E deixe-me adivinhar, ela me chamou também?
— Sim — respondi-lhe, sem fazer maiores comentários. — Pai?
— Sim?
— Eu e Marina podemos ir? — perguntei.
Ele deu de ombros.
— Preferia que vocês ficassem em casa comigo, mas se vocês quiserem ir, eu não vou impedir — respondeu.
— Ah pai, falando assim até perde a graça — comentei.
— O senhor Hector está querendo nos deixar com consciência pesada? — perguntou Marina sorrindo.
— Não, longe de mim. Se vocês quiserem ir, podem ir — avisou. — Mas as minhas Cinderelas têm que voltar antes do Sol nascer, ou seja, não muito tarde.
— Ah não, pai! — exclamou a minha irmã. — Sem essa coisa de Cinderela ou Gata Borralheira. Desse jeito não há diversão!
— É oito ou oitenta, é tudo ou nada — avisou Hector.
— Está bem, está bem... — disse Marina. — Vamos logo Sam, temos que acabar de caminhar para irmos nos arrumar.
— Temos até nove horas para nos arrumarmos, Marina. Então acalme-se — avisei-a.
Imagine uma tarde quase insuportável, na qual a sua irmã fica o tempo todo falando de alguma festa. É... nesse momento você se arrepende de ter contado a tal novidade a ela. Mas que culpa você tem? Você não poderia adivinhar que ela iria ficar repetindo a mesma coisa feito um papagaio...
Bom, foi isso que aconteceu comigo. Marina ficou tagarelando sem parar.
Durante o almoço, durante a tarde inteira. A minha irmã começou a se arrumar três e meia. Encheu-se de cremes de beleza, tomou um banho ultra-relaxante, cantarolou Beatles para se acalmar — isso é uma mania dela — fez um monte de “troços” no cabelo, esmaltou as unhas, depilou as pernas... Enfim, a casa de meu pai se tornou um verdadeiro SPA, “SPA irmã perfeita: entre e se torne uma Barbie de carne e osso”.
Devo agradecer seriamente a Deus por essa tarde ter acabado.
Ou talvez não tão seriamente assim, porque Marina ficou ainda linda — como se fosse possível.
Aqui vai um breve resumo da beleza impecável de minha irmã caçula: seus cabelos estavam ainda mais brilhantes e sedosos, os cachos nas pontas eram tão belos que deixavam qualquer cabelo artificialmente liso no chinelo. A maquiagem que usara, realçou os seus olhos verdes, fazendo ela se parecer ainda mais com um anjo — mas as aparências enganam —, até porque, a sua pele era suave como de um. E apesar de ter 1,73 m, Marina ainda calçou uma sandália de salto alto, o que lhe deu a impressão de que ela fosse mais magra do que realmente era. Para completar vestia um vestido de cetim azul, que realçava a cintura, era curto e tomara que caia.
Era inútil me comparar com ela, pois isso não me faria sentir melhor, e sim, pior. 
Já eu estava — se comparada com ela — parecendo uma pessoa que não sabia se vestir.
Cabelos soltos, escovados e talvez um pouco sedosos. A franja fora ajeitada com todo o custo. Trajava um vestido parecido com o de minha irmã: de cetim e roxo, que realçava a cintura, porém, ao contrário do de Marina, tinha uma alça fina.
O destino era irônico comigo, parecia gostar de brincar com a minha cara. Eu vivia rodeada de pessoas bonitas — Marina, Nalin, Elle —, no entanto, não era como elas. Tantas coisas que eu poderia ter e ser, mas não era. Tanto lugares onde eu gostaria de estar, mas não estava.
Pelo menos em uma coisa eu era melhor do que a minha "maninha": nas notas do colégio. E as minhas amigas diziam que eu era bem mais simpática e engraçada do que a minha irmã. Mas garotos gostam de garotas desastradas e/ou engraçadas? Não! Eles só se importam com a aparência. Homens são tão superficiais.
Como competir com uma pessoa perfeita? É impossível.
Porém, parando de lamentar por algo que não vai mudar tão cedo — talvez nunca mude —, devo dizer que Nalin foi pontual. Ela chegou às nove horas junto com o irmão — Kellan — para nos buscar.
— Sam! — exclamou ela ao me ver. — Parece que faz anos que eu não te vejo.
— Ah Nalin, nós nos vimos ontem — lembrei-a, sorrindo sem-graça, enquanto ela me abraçava.
— Ah sua sem coração, eu sinto saudades de ti, mas você, sua insensível, nem se lembra de mim! — dramatizou.
Nalin desviou a sua atenção para Marina.
— Puxa Marina! Como você está bonita — minha melhor amiga a elogiou, para o meu descontentamento. — Desse jeito eu não vou deixar você ir à festa, vai chamar mais atenção do que eu!
— Ah não Nalin, sem essa! — avisou Marina, quase batendo o pé no chão. — Deixe-me ir!
Marina às vezes não entende uma brincadeira, e eu odeio isso.
— Eu estou brincando. — Nalin revirou os olhos. — Vamos logo. 
Entramos no carro e cumprimentamos Kellan, que como sempre, ficou olhando Marina pelo retrovisor. Ele não era flor que se cheire, vivia mal humorado, e não se relacionava bem comigo. Mas, para Nalin e outras pessoas, ele era um amor. Bom, creio eu que também sou assim.
Conversamos durante toda a ida para a festa. Nalin e o seu irmão estavam no banco dianteiro, enquanto eu e a minha irmã íamos atrás.
Apesar dos olhares intimidantes de Kellan, Marina continuava sorrindo e evitava olhá-lo. E, naquele momento, não entendi nada. Porque apesar de o irmão de minha melhor amiga ser chato, não era de se jogar fora.
— E Mellani? — perguntou Marina, notando pela primeira vez a falta da amiga.
— Aquela lá ninguém consegue segurar — comentou Nalin. — Acreditem se quiser, ela foi com Alice.
Alice era uma colega de classe de minha irmã. E pelo que eu sabia as duas eram carne e unha.
— Chegamos — avisou Kellan, estacionando o carro em frente à uma grande mansão.
— Ah espere, não é aqui que mora Daniel Hoffman? — perguntei me dando conta.
Daniel Hoffman estudava em meu colégio, no mesmo ano que eu. Infelizmente. Era um garoto insuportável, porém bonito. O que a beleza não faz não é? Ela oculta até os piores defeitos do ser humano.
— É — afirmou a minha amiga. — Eu não te contei porque sabia que caso soubesse não viria. Mas já que estamos aqui, vamos entrar.
Bufei. Já havia me arrependido de ter aceitado o convite de Nalin.
— E depois que o Hoffman mandou convidar todo mundo, e eu te chamei! Deveria estar agradecida... — contou-me ela.
Desci do carro descontente. Havia outros por ali, indicando que a festa já havia começado e estava ótima.
A casa parecia enorme e luxuosa. Tinha paredes brancas e um portão enorme. Bastava um só olhar para perceber o luxo em que um dos garotos que eu não suportava vivia.
Naquele momento tudo que eu mais queria era matar aquela pessoa que eu chamava de melhor amiga! Diabos!
As pessoas lá dentro pareciam estar se divertindo. Inclusive Mellani, que ao nos ver, veio direto para falar com uma de suas melhores amigas — Marina.
A irmã caçula de Nalin se parecia com ela, aliás, os Wonks eram todos parecidos: cabelos negros e lisos, com olhos da mesma cor e magros. As duas garotas tinham estatura mediana, porém, o garoto tinha quase dois metros e era bastante musculoso.
Naquele momento encontrei Elle, a minha segunda melhor amiga — não que eu goste de enumerar meus amigos, mas isso é inevitável —, que parecia muito feliz.
Kellan se juntou com alguns amigos, enquanto eu me juntei às minhas duas melhores amigas.
— Que legal te ver Sam! — disse Elle, animada. Quero dizer, ela praticamente gritou, porque era quase impossível escutar algo ali. — Já cumprimentou o dono da casa?
— Eu não — neguei. — Eu nem sabia que a festa era aqui. Nalin me convidou e não me disse.
— Nalin traíra! — brincou Elle, rindo.
A minha melhor amiga fez biquinho, fingindo-se de magoada.
Elle ajeitou os óculos no rosto. Tinha 1,60 m, era bem branquinha, como uma boneca, seus cabelos eram sedosos, castanho-claros, ondulados e na altura dos ombros.
As duas começaram a conversar animadamente, enquanto caminhávamos até algum lugar confortável.
Passei os olhos pelo salão daquela imensa casa, onde todos dançavam e se contorciam ao som de House Boulevard. 
E foi ali, ao som da música de House Boulevard e Samara, "Set me free", que eu o vi.
Não sei ao certo o que eu senti quando enxerguei pela primeira vez o seu sorriso perfeito. Mas tenho que certeza de que foi como se o mundo inteiro ficasse escuro, enquanto ele emitisse luz própria, como o Sol.
Se estivéssemos em um filme, provavelmente uma melodia romântica começaria a tocar, mas como não estávamos, a música de fundo que embalou a minha atração por ele, era eletrônica, e que eu gostava muito.
Liberte-me! (Set me free) — dizia a música.
Acho que ele sentira o peso de meus olhos em cima de si, pois olhou para mim, fazendo seu sorriso murchar. Ele estava me vendo? Quero dizer, ele estava realmente olhando para mim?
Preciso muito dizer o quão belo ele era. Branco, aparentemente musculoso, com um sorriso que me deixava sem ar. Seus cabelos eram negros, curtos e lisos. E seus olhos da mesma cor.
Queria poder dizer o que eu realmente via em seus olhos. Qual era o sentimento que eles emitiam?
O estranho maravilhoso estava sério demais. E me encarava como se eu fosse algo muito absurdo ou uma obra de arte. Bom, creio que estava mais para a primeira opção.
Seus lábios pareciam macios, e mesmo estando a uma boa distância, eu os via o suficiente para querer beijá-los.
Oh Deus! As minhas pernas estão bambas, e eu posso morrer a qualquer momento.
— Amo essa música! — Nalin, a louca, disse puxando eu e Elle para dançar.
Tive que fazer algo que muitas pessoas chamam de “soltar a franga”. E devo ter soltado mesmo, pois, agora que eu parei para pensar, lembro-me de ter visto as minhas duas amigas comentarem que eu estava dançando muito. Bem, elas só disseram isso, mas não especificaram se era muito mal ou muito bem. Torço para que seja a segunda opção, porque eu não poderia fazer feio para o estranho maravilhoso em hipótese alguma.
Eu o olhava pelo canto do olho, e ele continuava a me encarar. Isso era um bom sinal, não?
Porém, se eu soubesse o que aconteceria, teria evitado olhá-lo.
Tudo pareceu acontecer em câmera lenta, como nos filmes. As pessoas pareciam se mover numa lentidão entediante, e Marina se aproximava vagarosamente do estranho. Foi ai que ela o beijou. A língua dela na boca dele, a língua dele na boca dela... isso é tão nojento!
Por uma ironia do destino, eu caí, como uma idiota. E ainda levei um garoto que estava por perto junto comigo.

Prólogo

Não sei bem o que pensar ou dizer sobre esse assunto, é tão complexo. Pelo que me parece, eu tenho apenas duas opções: Marina ou Ben. Melhor dizendo: Marina ou eu. Será mesmo que eu tinha que fazer tal escolha? Parecia-me muito egoísta ter que optar entre a minha felicidade ou pela felicidade de minha irmã. Estou me sentindo como a mocinha de um daqueles filmes românticos, tendo que escolher entre ela mesma e a outra pessoa. A diferença é que, sem pensar duas vezes, ela com certeza irá escolher a felicidade do próximo, porque ela é "santa" e "boa" demais para ser egocêntrica uma só vez. Só tenho uma coisa a dizer nesse momento: a vida gosta de me ver presa em um dilema.

Dear Sam

- Samantha Jones Spencer                                                                                                                 Uma sonhadora cálida poderia resistir a alguns momentos de frieza que a vida lhe proporciona?

Não se sabe ao certo o que ela seria se a sua irmã caçula não existisse. Talvez fosse a mesma Sam: sonhadora e medrosa. Ou talvez fosse aquilo que mais odiasse: uma pervertida, cruel e convencida, seu ego poderia estar inchado de tantos elogios.
Para alguns, ela era apenas um garota comum, conhecida como a "irmã da bela Marina Jones". Para outros — seus pais e seus amigos —, era "A Sam", com letras maiúsculas e coloridas. Porém, para si mesma, era apenas uma pessoa injustiçada, e que tinha uma linda, maravilhosa — e perfeita — irmã, a qual se destacava mais do que ela.
De estilo urbano, o jeans, o all star e o Ipod eram seus grandes companheiros. Cabelos escuros, longos, lisos e com franja. Estatura mediana, que não passava de 1,65 m.
Seus amigos eram poucos, porém foram escolhidos a dedo: Nalin, Elle e Brian.
Samantha é uma sonhadora constante, que imagina coisas que podem ser consideradas impossíveis. Ainda pensa que um príncipe — ou um rei — virá resgatá-la em seu cavalo branco, e então irão para um castelo mágico em um reino encantado, onde serão eternamente felizes. Mas o problema é que todos os príncipes de hoje são meio sapos.

Meu Pequeno Grande Homem

Creio que você ainda é muito novo para poder entender isso, mas eu preciso tentar. Talvez você leia isso e ache um monte de besteiras, talvez isso te faça pensar. Talvez você não entenda onde quero chegar. Talvez você releia isso daqui a alguns anos e descubra o que eu venho tentando te mostrar.
Eu olho pra ti, e te vejo, tão pequeno, mas tão crescido, o tempo passou e eu não percebi. Tão criança, mas tão adulto! Lembro de quando as lágrimas em teus olhos eram constantes. Fosse por fome, insatisfação ou qualquer outro motivo. Hoje percebo que abandonastes as lágrimas, mas teus sorrisos estão sempre presentes, bem como eu sempre lembrei. Cresceste tão rápido que eu não consegui compreender, lembro de ti dando teus primeiros passos! É possível que pra mim tu sejas uma eterna criança, assim como sei que teus pais e avós também te enxergarão assim certas vezes. Sei também que a maneira como tratamos um ao outro, é tão diferente de como eu queria. Porque eu não aceito que tu cresceu, e tu provavelmente não aceita meu jeito de ser, meu papel como mais velha. Perto de ti, por vezes desejo ser criança novamente, para aproveitar contigo toda essa alegria que tu leva no olhar, e um peso tão grande oculto por esse sorriso inocente. Perto de ti, admito que Perco toda a maturidade que me obrigo a ter, não consigo ouvir teu riso e não rir contigo. Você me lembra o Pequeno Príncipe, por teu jeito de ser, tua maturidade por vezes tão maior que a minha. Queria te ver todo dia, acompanhar teu crescimento, demonstrar o tanto de amor reprimido que eu sinto por ti e não consigo demonstrar por medo das tuas reações. Tu é meu eterno gurizinho, e eu te admiro tanto, um dia pretendo te explicar o porquê, quando tu fores mais velho e consiga entender. Claro que hoje em dia conseguiria, mas a complexidade das minhas palavras é maior que o imaginado. Queria conseguir ser mais tua amiga, mais companheira, eu tento ser, mas não sei como me aproximar de ti, temo que tu crie uma parede invizivel que me impeça de se aproximar. Mas você precisa saber, que eu te amo, bem mais do que eu demonstro, e acho que agora é o momento pra lhe dizer isso. Tu carrega no teu olhar uma inocência, doçura, lealdade, honestidade, e felicidade que por vezes invejo. Vive tua vida, meu amorzinho, aproveite cada momento. Porque se alguém merece ser feliz, com certeza é tu. E esqueça todas as nossas brigas, todas as vezes que eu gritei contigo, porque tu sabe que foi por impulso. Nunca esquece que eu to aqui contigo, pra o que der e vier. 8 anos passaram tão rápido, mas tem coisas que nunca mudam. <3

4 de maio de 2010

Johnny

Johnny andava meio quieto demais só que quase ninguém percebeu.

algumas verdades

Eu fiz planos pra que esse ano fosse melhor que o ano passado, mas nem tudo sai do geito que agente quer. Pessoas mudam, promessas sao quebradas, se você não têm amigos de verdade, você têm amigos por conveniência. Seria bom, por uma noite esquecer que os planetas giram, e até mesmo no universo há órbitas. Quando torna-se uma pedra, algumas partes dentro de você, lutam por vida. Mas nem todas essas coisas são dignas de algum valor. Ás vezes, como dizem "É melhor morrer a continuar sofrendo.". E todos estes verdadeiros clichês. O tempo é uma piada, não cura pn. Nunca curou. E nunca vai curar, e quem dera curasse. Eu sempre estarei bem. Mas isto, nem sempre será uma verdade. 

29 de abril de 2010

You are the only exception!

Talvez eu saiba algum lugar no fundo de minha alma que o amor nunca dura, nós temos que arranjar outros meios de seguir em frente sozinhos ou continuar com uma cara boa e, eu sempre vivi assim mantendo uma distância confortável e até agora, eu jurei pra mim mesma que eu era feliz com a solidão porque nada disso nunca valeu o risco. Eu tenho uma forte noção sobre a realidade mas não posso deixar o que está aqui diante de mim eu sei que você vai embora pela manhã, quando acordar me deixe com alguma prova de que isso não é um sonho. You are the only exception! E eu estou a caminho de acreditar nisso


Paramore
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hoje, amanhã e sempre

Eu sabia da verdade. Eu sabia quem você era. Mas eu acreditava em você. Não só por meu coração bater mais rápido quando o telefone tocava e você dizia “bom dia”, mas por que eu realmente acreditava em quem você era, não quem você inventou, mas na sua alma. Eu continuaria a acreditar em você até ouvir, da sua voz, a realidade. Você não enxergou isso, não é. Você também não enxergou que nunca fomos o que dizíamos ser, que éramos apenas amigos, melhores amigos, como irmãos, talvez irmãos não, foi mais “íntimo”, mais intenso, ao menos para mim. E tudo o que eu fazia, todas as madrugadas, todo aquele medo e ansiedade do som do telefone, todas aquelas palavras, era por que eu precisava do meu amigo, eu precisava de você, por que era o único que parecia se importar com o que eu sentia, com quem eu era. Você era o único que não havia, ainda, desistido de mim. O pior não foi a verdade, ela está sempre estampada em uma placa à uns centímetros de você, lhe levando para outras estradas, caminhos. E a mentira é só um detalhe, é só uma avenida mal feita, com buracos, de altos e baixos. Você acha que eu iria dizer “escolha, eu ou ela (…) quem é melhor? quem você ama mais? (…)”, não, eu não sou assim. E se eu sumi, sem dizer nada, desculpe-me, não foi pela a raiva. Eu me senti como uma pedra, e você a chutou, mas eu continuava ali, persistente, atrapalhando, machucando. Você tinha pena, então só aguentou, não? Então eu fugi, descobri que sou ótima nisto. E não é uma questão de “vou dar uns meses para superar isso”. Você não é uma droga, não tenho do que superar. Uma das questões é que você não enxergou. Se doeu quando você olhou seu reflexo no espelho. Doeu ouví-lo chorar, doeu fugir, doeu perder, doeu meu coração parar, doeu doer. Eu ainda tento, não voltar atrás, não fazer as coisas serem como antes, eu não quero nada disso, só quero que as coisas deem certo, não dessa forma, mas sim, de como as coisas deveriam ser desde o começo. E agora eu sei, que não é o problema as pessoas amarem você, mas quem você ama. Para que ouvir um eu te amo, se você não pode dizer o mesmo? Um dia eu paro de fugir de você. E desapareço. Nunca importou-me quais faces você queria mostrar, faces são só máscaras. A verdadeira face foi sua alma. E eu sempre a aceitei. Sendo seus olhos mais brilhantes ou menos em cada foto, ou seu corpo em diferentes formatos. Eu gostava da risada diferente. É.

uma mulher, um homem, um garoto, uma irmã.

Uma mulher falou que voltaria, disse que eu era seu anjo. Um homem colocava meus pés sobre os dele, segurava minhas mãos no alto e dançava comigo pela a sala, olhando em meus olhos e dizendo que eu era a melhor coisa que lhe havia acontecido. Mesmo sabendo que no fundo, eu era um erro. Um garoto disse "hoje, amanhã e sempre", a melhor canção de ninar era sua risada, e seu bom dia alimentava-me. Uma irmã disse que sempre ficaria ali, minha sombra. Agora eu a vejo correr. As melhores pessoas são aqueles detalhes, que seu coração não deixa escapar. E meu coração precisa tanto de vocês. Eu preciso sentí-lo, preciso. Saudade. O que ela faz ? O que ele sente ? O que ele é ? Por que ela fugiu ? E se eu pudesse alcançar uma estrela, ser ela, talvez. Deixaria o céu proteger-me. E lá do alto e do infinito ver vocês. Eu faria. Saudade. E se o senhor, não tivesse morrido (...).

dane-se

Dane-se o "eu te amo". Dane-se as promessas. Dane-se o abraço nas horas que mais lhe convém. Dane-se as batidas. Ainda há coisas que fazem-me sorrir, e querer ver o sol entre o cinza rabugento do céu.

a música

Amigo: Tu tem que deixar de ouvir este tipo de música
Eu: Como?! Que tipo de música?!
Amigo: Música triste...
Eu: Eu não ouço música triste...ouço boa música, para mim pelo menos
Amigo: Não, tu escuta música triste...
Eu: Mau...mas afinal o que quer dizer com isso de música triste?!
Amigo: Música que fala de impossiblidades, de distâncias e ausências...
Eu: ....
Amigo: Vês como tenho razão?
Eu: Não posso...
Amigo: Não pode?!
Eu: Não, não posso...porque elas conversam comigo de uma forma que ninguém é capaz de fazer...

Me cansei da estupidez

das pessoas, de onde vem tanta amargura? Simplesmente cansei desse mundo onde ninguém mais acredita em sonhos. Desse mundo onde tudo é impossível, onde seres humanos tem coragem de fazer coisas absurdas pelo medíocre, dinheiro , luxo , vaidade... Eu não posso mais aceitar toda essa violência, eu não quero a minha vida igual a tudo que se vê hoje em dia. Não posso aceitar isso como se fosse algo normal, um dia as conseqüências aparecerão e no fim só restarão lembranças e arrependimentos. Arrependimentos de não ter sido uma pessoa mais amável quem sabe. Porque eu sei que tudo isso, toda essa violência é fruto de falta de amor. Falta de amor nos corações, pra que tanta revolta nos corações partidos?

28 de abril de 2010

Tell me why I feel so alone

Eu pensei que nós conseguiríamos, porque você disse que conseguiríamos superar e quando toda a segurança fracassar você estará lá para me ajudar a superar?

The host


"Eu abri meus olhos tentando focá-los na escuridão. Eu podia ver duas estrelas pelo buraco no teto. Ainda era noite. Ou noite novamente. Vai saber."



The host - Stephenie Meyer (p. 338)

27 de abril de 2010

Faço um buraco em um quintal velho e imundo. Algumas mudas de roupas e alguns sonhos desgraçados me acompanham. Eu tenho descido e observado o quanto é miserável viver cada dia dessa miserável paz mentirosa. Sempre foi assim e eu nunca me dei conta de todas as falsas palavras que ouvi ate hoje. As pedras que caíram e as chuvas que sufocam sempre me fazem pensar em ser um pouco mais do que eu consegui ate hoje. É inútil a vingança e a tentativa de aliviar toda a angustia dessa alma. É tudo tão cinza, melancólico, eu tenho medo, eu tenho medo de tudo isso, fantasmas me assustam, pessoas me assustam, a chance de ver o sol me assusta. Tenho encontrado alguns amigos, alguns sorrisos sinceros me fazem bem, alguma conversa, isso apenas uma boa conversa me faz bem. Talvez eu tenha agido como uma criança, que não sabe o que quer pra si e o que poderia lhe causar dor, apenas um imbecil com um punhado esperanças. Me recuso a aceitar certas coisas que ate parecem ser legais, mas eu não sei o que foi feito pra isso tudo parecer legal. Eu não sei o que mais eu tenho a perder, nem sei se já perdi alguma coisa. Se afastando de tudo e todos, a mentira tem me assustado e me aliviado de alguma forma.

Um coração

Era dia 23 de agosto, Ana se lembrava bem. Como em todos os outros dias, ela se levantou, entrou embaixo do chuveiro, lavou seus cabelos, colocou uma roupa, comeu algo e foi pra escola. Quando a garota chegou em casa, abriu seu MSN. Um convite novo. ‘Aceite’, pensou ela. Foi por sua intuição, sempre ia. Era um garoto, chamado Bruno. Os dois começaram a conversar. Com o tempo descobriram que gostavam das mesmas bandas, das mesmas comidas, do mesmo tudo.
Tinha quase tudo em comum, exceto uma coisa: a cidade. O garoto morava em Londres. A garota, em Bolton, uma pequena cidade ao sul da Inglaterra.
Eles começaram a conversar mais e mais. Cada dia mais, cada vez mais. A mãe de Ana achou que estava viciada em internet, o que realmente estava. Ela estava certa, Ana não podia contrariá-la. A garota era apenas muito preocupada com seu futuro, não deixava de fazer lições de casa para entrar no computador. Mas assim que acabava, ligava logo o aparelho.
Era também o caso de Bruno. O garoto sempre que chegava da escola deixava o computador ligado, com o Messenger aberto. Desligava a tela do computador, e fazia a lição. Sempre tinha pouca, então ficava esperando Ana, até 6 da tarde, que era quando a garota entrava, mais ou menos.
Os dois começaram a conversar aos 17 anos, e foi assim. No começo dos 18 anos, aconteceu a coisa mais esperada pras amigas de Ana (sim, porque as amigas sabiam de tudo, e esperavam há cerca de 9 meses algo acontecer): Bruno a pediu em namoro.
E foi assim, se conheceram por um computador, namoravam por um computador. O que os dois tinham era maravilhoso. Uma coisa que as amigas de Ana jamais haviam experimentado, ou ouvido falar. Nem mesmo na ‘vida real’. Eles confiavam um no outro mais que qualquer casal que todas as amigas de Ana já tinham visto, ou ouvido falar. Isso requer, realmente, muita confiança. E eles se amavam. Quando as amigas de Ana passavam o dia na casa da garota, elas viam a conversa. Elas conseguiam sentir o amor.
Eles estavam completa e irrevogavelmente apaixonados. Não havia nada que mudaria aquilo. O tempo passou, os dois ficavam mais apaixonados a cada dia (o que ia totalmente contra as idéias de Marcela, amiga de Ana. A garota pensava que a cada dia que se passasse, a tendência era o amor se esvair. Eles provaram que estava errada). Todo dia de manhã, na hora da aula dos dois, Bruno ligava para a garota. A acordava, para começarem o dia com a voz um do outro. Um dia o garoto apareceu com a boa notícia: ele conseguiria ir para Bolton. Passaria um dia lá, pois viajaria.
Eles se encontraram à noite, em frente à ex-escola de Ana. Ela conversou com o garoto. Ana não quis beijá-lo.
- Vou ficar dependente de você. Sei que você é uma droga pra mim, é viciante. Então se eu te beijar hoje, não vou conseguir ficar mais um minuto longe de você. A gente vai se reencontrar. E ai, vamos ficar juntos pra sempre.
Ela disse e o abraçou. Com mais força do que já abraçou outra pessoa. E o garoto se contentou em encostá-la. Ele sabia que o que Ana estava falando era verdade. Eles IRIAM se encontrar. E IRIAM passar o resto da vida juntos. Ele tinha certeza que ela era o amor da vida dele. Bom, agora a ‘maldita inclusão digital’ se transformou na melhor maldita inclusão digital.
O tempo passou rápido quando eles estavam juntos. Se divertiram muito, e Bruno gostou da simpática cidade da sua namorada. Ele foi embora no dia seguinte, cedo demais para conseguirem se despedir.
O tempo passou, e o amor dos dois só ia aumentando. Passaram-se 6 meses desde que Ana tinha conhecido seu namorado pessoalmente, e Marcela ainda não entendia por que eles não tinham se beijado.
- Any, você já parou pra pensar que pode ter sido uma chance única?! Você foi idiota, você sabe disso, né? – A garota dizia, sempre culpando Ana.
Mas ela sabia o que era melhor pra ela. Já tinha cansado de explicar para Marcela. Não explicaria mais uma vez. Haviam 9 meses que os dois namoravam, e um ano que se conheciam.
Eles se amavam muito, mais que qualquer pessoa que as amigas e amigos do casal já tinha visto. Um dia, Bruno apareceu com a notícia: ele conseguiu uma bolsa em uma faculdade em Bolton, e se mudaria para a cidade tão desejada.
Ana se chocou com isso. Por semanas se perguntou se sacrificaria o tanto que o garoto iria sacrificar por ele. Mas ela não era a maior fã de pensamento. Isso a fez mal.
- Any, deixa de ser besta. Você o ama, até eu posso perceber isso! E você sabe, eu não sou a pessoa mais esperta do mundo. – Marcela disse, encorajando a amiga.
- Eu sei, Marcela, mas... Ele tá desistindo da vida toda dele em LONDRES pra vir pra BOLTON! Por mim! – Ana disse – E pela bolsa que ele ganhou na faculdade, mas é mais por mim, ele me disse.
- Ana, presta atenção. – Ana olhou pra amiga. – Você não sabe quantas meninas invejam você. Não sabem mesmo. Eu, por exemplo, te invejo demais. Daria qualquer coisa pra ter um namorado como o seu. Vocês confiam tanto um no outro, e se amam tanto. Eu tenho até nojo de ficar no quarto com você quando você ta conversando com ele. É um amor que se espalha no ar, que nossa senhora! Eu consigo sentir os coraçõezinhos explodindo pelo quarto. Ai fica tudo rosa, e você fica com uma cara de sonho realizado pro computador! Any, pára de subestimar o que você tem. Deixa de ser idiota.
- Você é um amor, sabia? Marcela, não sei. Não dá. Eu não desistiria de tanto por ele, e eu acho injusto ele desistir de tanto por mim.
Marcela bufou. Porque a amiga tinha que ser tão burra?
Meses se passaram, o tempo passava rápido. Ana não terminaria o namoro por messenger, frio demais. Ela esperaria o namorado chegar.
A garota tentava adiar o máximo possível, por mais que quisesse ver o garoto de novo. Ele tinha um cabelo lindo, e olhos mais ainda. Ana conseguiria ser invejada por todas as garotas da cidade se fosse vista com ele. Mas ela não queria inveja. Queria seguir o seu coração.
Quanto mais Ana queria adiar a situação, mais as horas corriam, e com elas os dias, as semanas, as quinzenas, os meses. O ano.
Chegou o dia; Ana esperou o seu futuro-ex-namorado onde se encontraram meses atrás.
Ela negou o beijo mais uma vez. O namorado ficou sem entender, mas aceitou.
- Olha, eu tenho que conversar com você.
- Diga. – Bruno sorriu.
- Quando você me disse ‘Vou me mudar pra Bolton’, eu fiquei feliz. Mais feliz que já fiquei há muito tempo. Mas depois eu comecei a pensar se faria o que você ta fazendo por mim. Você desistiu de toda sua vida em Londres, Bruno.
- Eu sei. Pelo melhor motivo na face da Terra.
- Não, não é. Eu sinto que eu não to sendo justa com você. E sem ser justa com você, eu não sou justa comigo. Eu não sei se eu faria o que você fez. Eu acho que não. Eu sou egoísta demais, eu não sei. Não quero mais ser injusta com ninguém, não quero dormir pensando isso. Há meses eu penso nisso, e fico com peso na consciência. E, de verdade, eu não sei se seu amor é o suficiente pra mim. – A garota disse e virou as costas. Foi andando para a sua casa. E ao contrario de momentos tristes clichês (n/a: eu odeio clichês), não estava chovendo. O céu estava azul, o sol brilhava, como raramente acontecia em Bolton. Mas o que estava dentro de Bruno (e de Ana) não era assim tão brilhante.
Para Ana chegar em casa, tinha de passar pela frente da casa de Marcela – era esse o motivo de um sempre estar na casa da outra; elas moravam lado a lado. A garota passou correndo, chorando, enquanto Marcela estava na janela. Marcela saiu correndo de casa – ignorando completamente o estado critico em que se encontrava: blusa dos ursinhos carinhosos, cabelo preso em um rabo-de-cavalo mal ajeitado, short curto de florzinhas e pantufas do tigrão – indo logo para a casa da amiga. Ela bateu a campainha, e a mãe da amiga atendeu. Disse que podia subir as escadas, Ana estava em seu quarto.
Marcela subiu correndo, tropeçou, quase caiu 3 vezes – ‘Malditas escadas enormes’, pensava – mas chegou ao quarto em segurança (lê-se sem sangue escorrendo pela cara).
- Any! O que foi, amor? – A garota encontrou a amiga deitada, chorando em sua cama.
- O Bruno! – Ana não conseguia falar direito. Por essa mini-frase Marcela tinha entendido. Não tinha mais Ana e Bruno pra sempre e sempre e sempre e sempre. Agora era Ana.
A garota aprendeu a viver com a dor. Passaram-se 5 anos, Bruno estava formado em direito, era um advogado de sucesso, ainda morando em Bolton – nunca largaria a cidade que abrigava seu, ainda, maior amor. Ana era uma fotógrafa de sucesso, ganhava a vida fotografando famosos de todo mundo – mas não saíra de Bolton também, amava a cidade com todas e cada fibra de seu ser.
Bruno era melhor amigo de Ana, Ana era melhor amiga de Bruno. Ana tinha um noivo, um executivo de sucesso, que vivia de Londres pra Bolton, de Bolton pra Londres. Já Bruno sabia: por mais que tentasse achar alguém igual à Ana, não conseguiria. Só ela seria o amor da sua vida, que ele amava excepcionalmente. Nunca iria mudar.
Ana iria passar algum tempo fora da cidade, iria para a capital, fotografar uma banda inglesa. Iria dirigindo à Londres – depois de tanto custo para tirar a carteira de motorista, agora queria mostrar ao mundo que tinha um carro e sabia guia-lo.
Um carro. Dia chuvoso. Pista dupla. Um caminhão. Visão confundida. Bebida em excesso. No que isso poderia resultar? Não em uma coisa muito boa, com certeza. O caminhão bateu de frente com o carro de Ana. Ela não estava muito longe de Bolton, portanto ela foi levada para um hospital na cidade. O seu noivo, por sorte, estava em Bolton. Foi avisado, depois os pais, Marcela. E por ultimo, Bruno.
Ele se apressou em chegar ao hospital que Ana estava internada. Ele chegou antes mesmo de Felipe, noivo da garota. Bruno andou por corredores com luzes fluorescentes fracas, brancas, o que aumentava a aflição dele.
Como estaria Ana? A SUA Ana? Ele nunca imaginou nada de mal acontecendo à SUA Ana. Ela sempre seria dele, amiga ou namorada. Seria dele.
Achou o quarto em questão, 842. Abriu a porta com cautela, e viu a imagem mais horrível que jamais poderia ter imaginado: Ana, sua Ana, deitada em uma cama de hospital, com ferimentos por todo o rosto e braços – as únicas partes de seu corpo que estavam aparentes. Ele chorou. Não queria ver a pessoa que ele mais amava em todo o universo daquele estado. ‘Frase clichê’, pensou, ‘mas porque não eu?’. As lágrimas caiam com força. Ele saiu do quarto com a visão embaçada pelas lágrimas; não sabia o que podia fazer.
Ele foi para o lugar do hospital em que se era permitido fumar, e fez uma coisa que não fazia desde que tinha conhecido Ana: acendeu um cigarro. Começou a fumar, e ficou sozinho lá, encarando a parede. Imaginando se teria sido diferente se ele tivesse continuado em Londres. Ele lembrava, foi quem apoiou o curso de fotografia.
- Ah, cara... – Ana chegou se lamentando.
- Que foi, Any? – Bruno sorriu.
- Eu tenho que escolher o que eu vou fazer da vida, mas... É difícil demais!
- Eu sei bem como é... Porque não tenta fotografia? – Bruno apontou para a máquina digital, que agora estava nas mãos da garota. – Eu sei que você adora tirar fotos.
- Bruno, sabia que você é um GÊNIO? – Ana sorriu e abraçou o melhor amigo. SEU melhor amigo.
Se ele não tivesse sugerido o curso, Ana não estaria no hospital à essa hora. Os pensamentos profundos do garoto foram cortados quando a porta se abriu, fazendo o garoto estremecer.
- Ah, que susto, doutor. – Bruno se virou.
- Desculpe. Você é Bruno, certo?
- Certo.
- Bom, você tem bastante contato com Ana, certo? – Bruno balançou a cabeça positivamente. – Nesse caso, eu sinto muito. Para sobreviver, a Ana precisaria de um coração novo.
A lista de espera por um coração é grande, e não sei se ela conseguirá sobreviver até chegar sua vez de receber um novo coração.
Como poderia viver em um mundo sem Ana?! Saiu do lugar. Não podia esperar as coisas acontecerem, e ele ser egoísta e ficar em seu mundo, fumando até Ana ir pra outro lugar. Ele pegou um papel, uma caneta e escreveu um endereço, e um horário, uma hora depois daquilo. Entregou para o noivo de Ana, que agora estava na sala de espera.
- Já foi vê-la? – Perguntou Bruno. O noivo negou com a cabeça.
Ele saiu andando, saiu do hospital. Foi para seu escritório, pegou 3 papéis grandes e digitou 3 cartas. Uma para os pais. Uma para Ana. E uma sobre os desejos que tinha.Ele tomou um remédio depois disso. E dormiu, lenta e serenamente, dormiu. Não acordaria mais. Quando o noivo de Ana chegou, encontrou Bruno deitado no chão, sem pulso. Estava morto. Em cima da mesa, 3 cartas. Um recado para ele: "Eu não gosto de você. Nunca vou gostar. Mas mesmo assim, você tem que fazer algo que não poderei fazer. Leve meu corpo para o hospital, com essa carta em cima dele. A carta que está em cima das outras. Após isso, entregue a segunda carta para Ana quando ela acordar. E quando a noticia da minha morte chegar, entregue a terceira para os meus pais."
Assim acabava a carta. Felipe não acreditava no que lia. Não acreditou, e nem precisava. Correu para o hospital em seu carro. Ele entregou a carta e o corpo do homem, que agora estava ainda mais branco. Aconteceu na hora; o coração dele foi tirado e levado para Ana. Quando ela acordou, não muito depois, viu os pais dela, seu noivo e os pais do namorado de 6 anos atrás. Eles sorriam e choravam; ela não entendeu. Foi quando viu a carta com a letra dele, escrito o nome dela. Ela pegou a carta e leu, então. "Meu amor, bom dia. É hora de acordar. Eu não pude te ligar hoje, você estava ocupada. Por isso deixei essa carta. Sabe, eu não vou estar ai por um bom tempo, as pessoas sabem quando a sua hora chega. E eu aceitei a minha com a mesma felicidade que eu tinha quando te vi na frente da sua escola. A minha hora chegou quando seu fim estava próximo.
Eu te prometi que te protegeria de tudo e qualquer coisa que acontecesse, e mesmo sem chamar, eu estive lá. Desta vez não me chamou, quis resolver sozinha, eu não podia deixar. Eu resolvi dar um fim então. Eu estava ficando cansado, o trabalho pesava demais. Mas porque agora? Eu não sei. Mas não teria sentido eu viver em um mundo que você não existe. Então eu decidi ir antes e ajeitar as coisas. Pra daqui a alguns anos nós conversarmos aqui na minha nova casa. Agora eu tenho que ir, meu amor. Esse coração no teu peito, esse coração que bate no teu peito. É o mesmo coração que está inundado do amor que você disse não ser o suficiente. É o mesmo coração que lhe dava amor todo dia. Por favor, cuide bem dele. Agora eu preciso ir, preciso descansar um pouco. Eu vou estar sempre contigo. Eu te amo! PS: Não sei se vou conseguir te acordar amanhã. Você me perdoa por isso?"
Então ela chorou. Chorou e abraçou os pais, os pais dele. Chorou como nunca, e tremia por tantas emoções passarem por seu corpo. Ana encarou o noivo. Terminou o noivado naquele dia. Não adiantava esconder algo que estava na cara: ela amava Bruno, e seria sempre o SEU Bruno. ELE era o homem de sua vida, não Felipe. O homem que sempre esteve lá, amando-a ao máximo. Em qualquer momento.
Ela chorou muito, e seguiu a vida. Todos os dias ela lembrava de Bruno. Viver em um mundo sem ele não fazia sentido. Mas não desperdiçaria todo o amor e que estava dentro dela. Ela podia sentir seu coração batendo. Ela lembrava a cada momento, que mesmo separados eles estavam juntos. Mas apenas uma coisa fazia seu coração se apertar, se contorcer de dor. Que fazia uma lágrima se escorrer sempre que pensava nisso.
Ela sentia falta daqueles beijos. Dos beijos que foram negados. Mas ela foi feliz. Morreu com seus oitenta e tantos anos. Mas era sempre feliz. Afinal, o coração do homem de sua vida batia dentro dela.

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